Nanotecnologia no Brasil e no mundo
A Nanociência e a Nanotecnologia (N&N) representam o conjunto de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação que se baseiam nas propriedades especiais que a matéria exibe quando organizada a partir de estruturas com dimensões na escala nanométrica (1 nanômetro = 1 bilionésimo do metro). Nesta escala, suavizam-se as fronteiras entre a Física, a Química, a Biologia e a Ciência dos Materiais, conferindo a esta área um caráter multi- e interdisciplinar.
Os impactos da N&N se farão sentir em praticamente todos os setores da sociedade, incluindo a informática, as telecomunicações, o transporte, as atividades agropecuárias, a produção de novos fármacos, o desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico e de tratamento de saúde, a produção e o armazenamento de energia, a preservação ambiental, bem como a produção de novos materiais para as mais diversas aplicações (construção civil, vestuário, embalagens, tintas etc). Em conseqüência, programas de N&N hoje estão vinculados às estratégias nacionais de desenvolvimento de virtualmente todos os países com economia avançada. Desde o final da década de 90, esses países vêm alocando vultosas somas de recursos em N&N, cientes de que o domínio desta área será fundamental para que possam responder às necessidades crescentes de suas sociedades e se apresentarem competitivos no cenário internacional.
Para os países em desenvolvimento, a N&N representa, ao mesmo tempo, um desafio e uma oportunidade de virem a ocupar posições mais vantajosas no conjunto das nações. No Brasil, o apoio, com recursos específicos, a projetos na área de N&N, iniciou-se em 2001, com a criação das Redes Nacionais de Nanotecnologia. Posteriormente, em agosto de 2005, foi lançado o Programa Nacional de Nanotecnologia (PNN), que vem recebendo apoio continuado do MCT. Em 2007, o lançamento do Plano de Ação 2007-2010: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional consolidou a área de N&N como estratégica para o país. O desenvolvimento da N&N no Brasil também tem sido apoiado pelas agências estaduais de fomento à pesquisa (FAPs), através de diversos programas próprios ou em parceria com o MCT. Graças a essas ações, diversos grupos de pesquisa no país puderam se articular e equipar seus laboratórios, possibilitando um rápido avanço na produção científica brasileira na área, que hoje é a maior da America Latina. Também no setor empresarial, já se identificam algumas dezenas de empresas, nacionais e multinacionais, que vêm incorporando nanotecnologia a seus produtos.
Nanotecnologia na UFRJ
A UFRJ dispõe de uma condição privilegiada, compartilhada por poucas instituições de ensino superior no Brasil, no que se refere à abrangência e qualidade de linhas de pesquisa em N&N. Hoje, realiza-se pesquisa básica e aplicada em N&N em diversas unidades da UFRJ, dentre as quais: Instituto de Física, Instituto de Química, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Instituto Alberto Luiz de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), Escola Politécnica, Escola de Química e Instituto de Macromoléculas. Iniciativas precursoras de integração, colaboração e uso compartilhado de infra-estrutura na área de N&N vêm ocorrendo desde 2004. Em particular, podemos mencionar: (i) Os projetos PROINFRA de 2004 e 2006, que reuniram pesquisadores das unidades mencionadas acima em projetos multidisciplinares para a aquisição de equipamentos de uso compartilhado. (ii) As Escolas de Nanociência e Nanotecnologia, que reúnem estudantes de pós-graduação e final de graduação de todo o Brasil, organizadas anualmente desde 2006. (iii) A Câmara de N&N da PR-2, criada recentemente com o objetivo de coordenar as ações da UFRJ nesta área. Além disso, grupos de pesquisa em N&N têm participado ativamente e, em alguns casos, exercem papel de liderança em redes colaborativas de âmbito internacional, nacional e regional, como os Institutos do Milênio de Nanotecnologia (CNPq/MCT), Institutos Nacionais de Tecnologia (MCT/FAPERJ), Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (MCT) e Redes Temáticas do MCT, entre outras. Mais recentemente, a UFRJ criou o curso de graduação em Nanotecnologia, uma iniciativa pioneira no Brasil, que terá a primeira turma iniciando em 2010.